Produtos de base agrícola respondem por 70,5% das exportações da indústria

A indústria de transformação em Goiás assumiu participação de 54,2% no total das exportações realizadas a partir do Estado entre janeiro e outubro deste ano, acima dos 50,7% registrados em igual período do ano passado. O setor exportou 21,4% a mais, elevando suas vendas ao exterior de alguma coisa abaixo de US$ 3,550 bilhões para quase US$ 4,309 bilhões, respondendo ainda por praticamente 80% do crescimento acumulado pelas exportações totais em relação aos dez primeiros meses de 2020. O bom desempenho, no entanto, foi em grande parte assegurado pelo embarque de produtos de base agropecuária, com destaque para carnes e farelo de soja, seguidos pelo açúcar.Os dados reafirmam uma tendência histórica no setor, que tem sua atividade ligada estreitamente à exploração e processamento de produtos da agricultura e da pecuária, além de bens minerais, resultando numa indústria de baixa complexidade e sofisticação tecnológica, com capacidade reduzida para gerar empregos mais qualificados e produzir inovações, especialmente quando se trata da fronteira do conhecimento. Iniciativas isoladas e desconectadas de políticas mais amplas de promoção do crescimento industrial nitidamente não têm surtido efeitos mais amplos sobre o setor.As vendas externas de bens e produtos industriais de base agrícola experimentaram avanço de 23,0% entre os primeiros dez meses do ano passado e igual período deste ano, subindo de praticamente US$ 2,470 bilhões para US$ 3,038 bilhões. Sua participação nas exportações totais da indústria goiana de transformação elevou-se ligeiramente de 69,57% para 70,51% segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Em dólares, a variação correspondeu a mais US$ 568,435 milhões agregados às exportações do setor industrial, o que assegurou uma contribuição de 74,91% para o crescimento das vendas externas totais da indústria de transformação.

Os demais setores

O restante das exportações do setor atingiu pouco menos de US$ 1,271 bilhão no acumulado entre janeiro e outubro deste ano, numa variação de 17,6% frente a US$ 1,080 bilhão exportados em idêntico intervalo de 2020, numa variação de US$ 190,367 milhões. Mais da metade desse avanço, no entanto, ficou na conta das vendas de ouro ao exterior, que cresceram 41,5% naquela mesma comparação, passando de US$ 253,461 milhões para US$ 358,713 milhões (quer dizer, US$ 105,252 milhões a mais). O grupo ferro-ligas, que inclui ligas de cobre e níquel, principalmente, registrou vendas externas de US$ 651,529 milhões entre janeiro e outubro deste ano, recuando 0,45% frente aos US$ 654,454 milhões exportados nos mesmos dez meses do ano passado. Somados, ouro e ferro-ligas corresponderam a 79,5% do restante das vendas da indústria goiana lá fora, depois de excluídos os produtos de base agrícola.

Balanço

  • As importações da indústria de transformação em Goiás anotaram forte crescimento até outubro, acumulando um total de US$ 3,516 bilhões desde janeiro deste ano – algo como 80,8% do total importado pelo Estado. Na comparação com igual período do ano passado, as compras externas do setor cresceram 32,17%, abaixo dos 60,7% registrados pelas importações totais. Como se recorda, esse aumento foi influenciado vigorosamente pelas compras de energia elétrica de outros países para enfrentar a crise hídrica aqui dentro. Para comparar, a importação de energia saltou 66,2 vezes desde os dez meses iniciais de 2020, saltando de apenas US$ 12,035 milhões para US$ 796,201 milhões. Isso explica porque a fatia do setor de transformação ficou mais enxuta neste ano, depois de ter alcançado níveis mais elevados em 2020, superando levemente a marca de 98%.
  • A composição das importações da indústria mostra algum nível mais elevado de sofisticação tecnológica, mas apenas se comparado ao perfil dos produtos exportados. Em torno de 55,66% das importações do setor ficaram concentradas em produtos farmacêuticos (medicamentos e suas matérias primas); veículos, acessórios e partes; caldeiras, máquinas e equipamentos mecânicos; instrumentos médicos e de ótica; máquinas e aparelhos elétricos; produtos da indústria química; e obras de ferro e aço. Esse conjunto de segmentos importou US$ 1,957 bilhão neste ano, até outubro, crescendo 17,03% em relação à importação de US$ 1,672 bilhão em 2021.
  • A indústria de transformação ainda importou US$ 918,047 milhões em adubos entre janeiro e outubro deste ano, num salto de 89,8% frente ao mesmo período de 2020 (US$ 483,685 milhões). O item sozinho explicou 50,75% do aumento das compras externas totais do setor industrial.
  • O superávit na balança comercial da indústria de transformação (exportações menos importações) registrou baixa de 10,91% na comparação com o acumulado entre janeiro e outubro de 2020, encolhendo de US$ 889,565 milhões para US$ 792,493 milhões (ou 22,05% do saldo comercial total do Estado).
  • O grosso do superávit na balança comercial goiana continua concentrado na agropecuária, ainda que as exportações do setor tenham registrado variação de apenas 1,35% quando comparados os primeiros 10 meses de 2021 e 2020 (US$ 3,097 bilhões para US$ 3,139 bilhões). As importações de produtos típicos da agricultura e da pecuária, historicamente, mantêm-se em níveis comparativamente muito reduzidos e ainda sofreram baixa de 16,9% neste ano, atingindo US$ 9,928 milhões entre janeiro e outubro de 2021 frente a US$ 11,947 milhões no ano passado.
  • Esse número inclui apenas as compras externas de produtos primários da agropecuária, excluindo importações de máquinas e equipamentos agrícolas, insumos e outros bens intermediários utilizados pelo setor. Por isso, o saldo comercial nesta área mantém-se elevado, respondendo, neste ano, por 87,05% de todo o superávit. Entre 2020 e 2021, sempre considerando os dez meses iniciais de cada exercício, o superávit da agropecuária oscilou 1,42%, saindo de US$ 3,086 bilhões para US$ 3,129 bilhões.

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