Na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, esses números relativos às trocas comerciais do Brasil com seu principal parceiro comercial e ainda que referentes a apenas oito meses do ano, não deixam dúvida de que em 2019 a balança comercial brasileira terminará 2019 com um resultado que classifica como “um superávit comercial triplamente negativo”, pois será obtido com quedas importantes das importações e importações e do próprio superávit, que apesar de robusto, não contribuirá para gerar atividade econômica, que é proporcionada pela corrente de comércio, também em queda”.
José Augusto de Castro vê com preocupação a queda constante no fluxo de comércio com a China e a redução drástica no superávit comercial e faz uma alerta: “o aumento da competitividade é fundamental para o Brasil reduzir a dependência das vendas para a China. Precisamos parar de rezar em mandarim, porque a economia chinesa está desacelerando”.
A quatro meses do fim de 2019, os dados do intercâmbio comercial sino-brasileiro apontam para uma queda expressiva no fluxo de negócios do Brasil com seu principal parceiro comercial. Ano passado, o Brasil embarcou para a China bens no valor de US$ 63,930 bilhões e importou produtos chineses no montante de US$ 34,740 bilhões. A balança comercial proporcionou ao Brasil um superávit de US$ 29,200 bilhões, saldo impossível de ser igualado este ano.
Apesar da queda de valores, a China continua sendo, com ampla margem de folga, o maior parceiro comercial do Brasil. No período janeiro-agosto, o país asiático foi o destino final de 27,9% das exportações totais brasileiras e, na outra ponta, respondeu por 20,3% das importações brasileiras.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia apontam par uma queda de 3,2% nas exportações de produtos básicos, que geraram este ano uma receita de US$ 36,75 bilhões (participação de 88,5% nas vendas aos chineses) e retração de 15,1% nos embarques de produtos manufaturados, que tiveram uma participação de modestos 1,92% no total exportado, no valor de US$ 799 milhões. Em contrapartida, registrou-se uma alta de 10,7% para US$ 3,98 bilhões nas vendas de produtos semimanufaturados., responsáveis por 9,59% nas exportações totais para o país asiático.
Em termos de produtos, a soja, carro-chefe nas vendas à China, acumulou uma retração de 26,0% e as vendas totalizaram US$ 15 bilhões (correspondentes a 36% do volume embarcado pelas empresas brasileiras para o exterior). Enquanto as exportações de soja despencaram, todos os outros produtos que integram a relação dos cinco principais itens vendidos para a China fecharam os oito primeiros meses do ano com resultados positivos.
O petróleo, segundo item principal da pauta exportadora, teve uma alta de 21,2% e uma receita de US$ 10,18 bilhões (25% do total vendido aos chineses), seguido pelos minérios de ferro (exportação de US$ 8,31 bilhões, com alta de 18,8% e participação de 20%). Outros dois produtos importantes da pauta exportadora também tiveram crescimento das vendas no período: celulose (US$ 2,37 bilhões, com alta de 1,7% e participação de 5,7%) e carne bovina (US$ 1,004 bilhão, aumento de 17,3% e participação de 2,5%).
Por Equipe do Comex do Brasil