O número de empresas gaúchas que apostaram nas vendas para o Exterior subiu 9,1% nos últimos cinco anos. De 2013 a 2017, o grupo formado por companhias exportadorasavançou de 2,5 mil para 2,8 mil, aponta o Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). Conforme analistas, a alta nos acordos com clientes internacionais está relacionada, em parte, à recessão econômica, que derrubou negócios dentro do Brasil.
— Com a crise interna, que diminuiu a demanda por produtos no país, as empresas passaram a buscar novos mercados lá fora. Mas as exportações não acontecem do dia para a noite. Envolvem processos de preparação. Como a maior parte das empresas nasce pensando em vender no mercado interno e existem altos custos de logística, o número de exportadoras ainda é baixo — pondera o economista Marcos Tadeu Caputi Lélis, professor da Unisinos.
No Brasil, o número de companhias que negociam mercadorias para outros países avançou de 21,8 mil para 25,4 mil entre 2013 e 2017, conforme a Rede de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O desempenho representa alta de 16,6% nos últimos cinco anos, elevação maior do que a registrada pelas companhias gaúchas em igual período.
— O Rio Grande do Sul tem tradição exportadora. Então, a capacidade de crescer percentualmente é menor do que em Estados que não estavam tão habituados a isso no passado — explica Lélis.
Nos próximos meses, analistas salientam que os negócios no Exterior devem continuar sentindo os efeitos da turbulência do mercado de câmbio, elevada neste mês com as incertezas eleitorais. Nesta terça-feira (28), o dólar subiu 1,48%, cotado a R$ 4,141, o maior valor desde janeiro de 2016.
— Se houvesse previsibilidade para o câmbio, as empresas poderiam arriscar mais no cenário externo. A questão é que não há horizonte definido. A tendência é de que o dólar siga em nível alto, mas isso pode mudar a qualquer momento — afirma o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Para o dirigente, o avanço das exportações brasileiras depende de mudanças no ambiente de negócios do país. Castro defende a realização de reformas, como a tributária, e de investimentos em infraestrutura que reduzam o “custo Brasil” — expressão que se refere a um conjunto de obstáculos que dificulta o desenvolvimento da economia nacional.
— O número de empresas que exportam no país ainda é baixo. Sem reformas e aportes em infraestrutura, os custos para vender ao Exterior seguirão altos — argumenta Castro.
Nos primeiros sete meses de 2018, as exportações gaúchas somaram US$ 11,9 bilhões. O valor corresponde a avanço de 20,7% frente a igual intervalo de 2017, mostra a Fiergs. Em julho, China, Argentina e Estados Unidos seguiram como os principais destinos das vendas gaúchas.
fonte: Gaucha ZH